domingo, 26 de outubro de 2008
Desafio
A preguiça leva a que os títulos que dou às fotos que publico (tipo "Arrabaldes de Cima - Março 87") sejam de uma impressionante sensaboria, a roçar o burocrático-contabilístico. Inaceitável. Aqui vai por isso o repto: contribuam com sugestões! Não há prémio nenhum para o vencedor (para além da alteração do enfadonho título anterior, o que já não é nada mau), pelo menos até o blogue se tornar famoso.
domingo, 12 de outubro de 2008
Os 20 mil milhões em garantias aos bancos
Só os próximos dias dirão se a medida é boa ou má (e será boa se eficaz, i.e. se os bancos voltarem a financiar-se uns aos outros), mas a medida anunciada pelo ministro Teixeira dos Santos (noticiada em http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1345747) parece fazer sentido. Porquê? Há uma diferença muito relevante em relação à generalidade dos pacotes anunciados/discutidos até aqui (nacionalizações, compra pelo Estado de activos "tóxicos", e, de forma mais disparatada, encerramento de mercados de capitais e fixação de taxas de juro administrativamente): não vai contra a lógica do mercado. O Estado parece assumir, antes sim, o papel de "facilitador" do funcionamento do mercado que, dizem os manuais, a ele deve pertencer. Com uma vantagem adicional: se tudo correr bem (i.e. se não fôr necessário accionar garantias), tudo terá sido feito sem necessidade de recurso ao dinheiro dos contribuintes.
O Barreiro
A quem o Barreiro diga alguma coisa, recomendo a leitura do editorial da "Pública" de 12 Out. 2008, por Ana Gomes Ferreira, aqui reproduzido. O meu pai também foi dos que teve que procurar outro emprego quando a CUF foi morrendo aos poucos; eu também já lá não moro. Mas, no meu caso, a memória e as visitas ocasionais que ainda lá faço (pelo menos) não deixam que o Barreiro evolua "para coisa nenhuma". Serei mais novo que a autora?
"Por culpa da CUF, o meu avô Tiago enganou a minha avó Elvira. Fugido de Arouca, instalou-se, nos anos 20, no Barreiro, que prometia emprego por muitos anos, e decidiu que já podia casar. Mal conseguiu, voltou à terra e usou um truque um bocadinho mau - prometeu-lhe que a deixava ficar com a mãe doente, mas mal se apanhou casado fez-lhe a trouxa. A minha avó coseu sacas na fábrica a vida inteira, o meu avô precisou de ganhar mais dinheiro e passou para a Siderurgia. Morreu asfixiado encostado a um muro da CUF, foi passear sem a bomba da asma. O meu pai, claro, foi trabalhar para as fábricas - queria ser desenhador, talvez arquitecto, mas gostava de jogar à bola e percebeu que o que ganhava na bola o deixava casar. Conheceu a minha mãe num jogo de futebol - ele foi jogar à terra dela, e ela que raramente lá ia - trabalhava-se na ceifa e morria-se de fome - estava lá e a ver o futebol. Foram inaugurar o Bairro Alfredo da Silva. Depois as fábricas foram fechando, o meu pai ficou sem emprego, o Barreiro deixou de ser o Barreiro. Agora a CUF fez 100 anos. Que resta dela e do que significou, do maior centro industrial do país, da luta operária que lhe esteve agarrada, do modo de vida das famílias? Quase nada, ninguém se lembrou de fazer um museu a sério. A memória ainda lá está, mas por pouco tempo - ninguém se lembrou de fazer um arquivo das memórias dos operários, dizia há semanas a investigadora Ana Nunes de Almeida. Os operários vão morrendo. As famílias dispersando. Eu já lá não moro. Porque, nos meus afectos, o Barreiro evoluiu para coisa nenhuma. É difícil explicar. Mas há uma palavra, angolana, que define bem este vazio que sinto: deixaram desacontecer 80 anos de Barreiro."
"Por culpa da CUF, o meu avô Tiago enganou a minha avó Elvira. Fugido de Arouca, instalou-se, nos anos 20, no Barreiro, que prometia emprego por muitos anos, e decidiu que já podia casar. Mal conseguiu, voltou à terra e usou um truque um bocadinho mau - prometeu-lhe que a deixava ficar com a mãe doente, mas mal se apanhou casado fez-lhe a trouxa. A minha avó coseu sacas na fábrica a vida inteira, o meu avô precisou de ganhar mais dinheiro e passou para a Siderurgia. Morreu asfixiado encostado a um muro da CUF, foi passear sem a bomba da asma. O meu pai, claro, foi trabalhar para as fábricas - queria ser desenhador, talvez arquitecto, mas gostava de jogar à bola e percebeu que o que ganhava na bola o deixava casar. Conheceu a minha mãe num jogo de futebol - ele foi jogar à terra dela, e ela que raramente lá ia - trabalhava-se na ceifa e morria-se de fome - estava lá e a ver o futebol. Foram inaugurar o Bairro Alfredo da Silva. Depois as fábricas foram fechando, o meu pai ficou sem emprego, o Barreiro deixou de ser o Barreiro. Agora a CUF fez 100 anos. Que resta dela e do que significou, do maior centro industrial do país, da luta operária que lhe esteve agarrada, do modo de vida das famílias? Quase nada, ninguém se lembrou de fazer um museu a sério. A memória ainda lá está, mas por pouco tempo - ninguém se lembrou de fazer um arquivo das memórias dos operários, dizia há semanas a investigadora Ana Nunes de Almeida. Os operários vão morrendo. As famílias dispersando. Eu já lá não moro. Porque, nos meus afectos, o Barreiro evoluiu para coisa nenhuma. É difícil explicar. Mas há uma palavra, angolana, que define bem este vazio que sinto: deixaram desacontecer 80 anos de Barreiro."
sábado, 4 de outubro de 2008
E continuam vivos...
Há quem cante "Até morrer, Sporting allez" mas desate a assobiar ao primeiro passe falhado.
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